terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Poema de Lobato Faria

Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem em quiser há-de saber as conchas
e a verde sensação de naufragar.

Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno

Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.

Quem em quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.

Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
-Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.

Rosa Lobato Faria



2 comentários:

Anónimo disse...

Estás difícil, rapaz. Têm de saber (a) tanto? Beijinhos. Nat

Rogério Quintalheiro disse...

Claro, aumento sempre a fasquia... bjs