Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem em quiser há-de saber as conchas
e a verde sensação de naufragar.
Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno
Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.
Quem em quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.
Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
-Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.
Rosa Lobato Faria
2 comentários:
Estás difícil, rapaz. Têm de saber (a) tanto? Beijinhos. Nat
Claro, aumento sempre a fasquia... bjs
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